Preocupadas com as mudanças climáticas, mulheres desistem de ter filhos: Com os efeitos das mudanças climáticas cada vez mais perceptíveis, cresce também a preocupação com os riscos ambientais e suas consequências para a saúde humana.
Esse sentimento de angústia é conhecido como ansiedade climática, ou ecoansiedade. Um estudo publicado no The Lancet Planetary Health revelou que mais de 60% dos brasileiros entre 16 e 25 anos estão “extremamente preocupados” com as mudanças climáticas.
Além disso, 45% dos entrevistados relataram que seus sentimentos sobre o tema impactam negativamente suas atividades cotidianas, gerando uma quantidade significativa de pensamentos negativos.
Essa crescente ansiedade não se restringe apenas à saúde mental, mas influencia também decisões profundas, como a escolha de ter ou não filhos. De acordo com o estudo, 48% dos jovens brasileiros hesitam em se tornar pais devido às mudanças climáticas, número que supera a média mundial de 39%.
Esses dados revelam que, no Brasil, o futuro incerto do planeta pesa ainda mais nas escolhas de vida, especialmente entre as mulheres, que são afetadas de maneira desproporcional pelas crises ambientais.
O relatório Justiça Climática Feminista: um Quadro para Ação, publicado em 2023 pela ONU Mulheres, aponta que, com um aumento de 3ºC na temperatura global, até 2050, mais de 158 milhões de mulheres e meninas poderão ser empurradas para a pobreza, número significativamente maior em relação aos homens.
Segundo a professora Simone Jorge, da PUC-SP, “essa desigualdade de gênero reflete a carga culturalmente atribuída às mulheres de serem cuidadoras e responsáveis pelas futuras gerações”.
Diante desse cenário, muitas mulheres estão repensando suas decisões de maternidade. O medo de trazer filhos para um mundo onde o clima e o meio ambiente estão em constante deterioração gera sentimentos de tristeza, ansiedade e desesperança.
“Eu lia as notícias e sentia um desamparo. Fiquei três dias sem dormir e tive crises de choro“, relata Carolina Efing, 29, advogada e fundadora da Rede de Estudos Climáticos de Curitiba.
“Às vezes, me pergunto como vou colocar alguém no mundo para sentir todas essas coisas que sinto. Que tipo de infância essa criança vai ter?”, questiona.
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